FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS:
RENOVAÇÃO OU INOVAÇÃO
Caros
irmãos catequistas, neste mês, gostaríamos de abordar o tema: catequese em
renovação, pois muito se fala nesta palavra renovação. No entanto renovação
pode significar começar tudo de novo do zero, o que acreditamos não é nosso
objetivo, nosso objetivo é: inovar. Porém,
de que se trata efetivamente este tão falado conceito de inovação? Há muitas
definições para o termo. Uma das mais marcantes veio de Ron Johnson,
vice-presidente de varejo da Apple: “Inovação é a fantástica intersecção entre
a imaginação de alguém a realidade”.
Ou seja, inovar vai além da
criatividade, de pensar em coisas novas. Inovar é fazer coisas novas. Numa
outra definição, inovação consiste na transformação de uma ideia em produto,
serviço ou processo novo ou melhorado. Mas não que necessariamente destrua tudo
o que se tenha feito até hoje, mas é um reaproveitar também as experiências
passadas para a construção de um presente e futuro melhores.
Então vamos pensar um pouco nos
temas que necessitam dessa inovação, ou renovação:
1. Importância da
Formação de Catequistas
A Igreja tem demonstrado
recentemente uma preocupação fundamental em renovar a sua função profética. No
seguimento do Concilio Vaticano II, que orientou a Igreja para a missão, o
Magistério tem vindo a publicar inúmeros documentos sobre a evangelização e a
catequese, como o D C G (1971), a Evangeli Nuntiandi (1975), a Cathechesi
Tradendae (1979), a Redemptoris Missio (1990), o Cateqcismo da Igreja Católica
(1991) e o Directório Geral da Catequese (1997). Preocupação idêntica
manifestam os Bispos Portugueses na Carta Pastoral (7/10/84) sobre “A
evangelização e a renovação da fé do povo cristão como prioridade pastoral para
a Igreja em Portugal”; na Carta Pastoral (8/4/89) sobre “Os cristãos leigos na
comunhão e missão da Igreja em Portugal”; na Instrução Pastoral (8/4/89) sobre
o “O Catecismo da Igreja Católica e a sua utilização pastoral”; na Instrução
Pastoral (19/7/94) sobre “A formação cristã de base dos adultos”; As semanas
nacionais de São vários os aspectos a ter em conta na renovação da catequese,
como “novas orientações; renovada organização; reformulação dos catecismos;
formação de catequistas, etc”. Educação cristã têm igualmente posto em relevo a
mesma preocupação. De entre os aspectos a renovar na catequese, a escolha e a
formação dos Catequistas é fundamental. De fatos, “são estes que hão-de pôr em
prática a renovação da catequese, dando vida à organização”. “A renovação da
Catequese começa pela escolha e formação das pessoas que a realizam”. “É, fundamentalmente,
uma questão de renovação de pessoas e não apenas de textos e organização”.
A Formação de Catequistas deve
corresponder às novas exigências do contexto social e eclesial. Querem-se
catequistas capazes de dar uma resposta ao confronto entre a fé e a cultura;
“responder” às novas questões e dificuldades colocadas pelos catequizandos; ser
testemunhas de comunhão eclesial, conscientes do serviço e testemunho que tem
que dar, amadurecido no exercício da corresponsabilidade e exercitando o seu
ministério laical.
2. Situação real dos
Catequistas
No desempenho da sua missão, os
catequistas encontram dificuldade e limites de procedências várias: meio
ambiente pouco favorável aos valores da fé; incompreensão dos pais e da
comunidade; desinteresse e falta de perseverança dos catequizandos; a oposição
dos cristãos tradicionais pouco conscientes da corresponsabilidade dos leigos;
falta de disponibilidade pessoal e de preparação adequada; pobreza de meios e
de locais para a catequese; cristianismo pouco esclarecido; os sacramentos como
hábito social, etc. Estas dificuldades, fruto duma transformação cultural
acentuada, trouxeram consequências profundas para a vivência da fé e para a ação
pastoral, “consequências que não podemos deixar de ter em conta ao planejar a
formação de catequistas”. Esta transformação cultural tem aspectos positivos,
como uma maior consideração pela dignidade e liberdade pessoais; uma maior
participação e responsabilidade eclesiais; maior sensibilidade a certos valores
humanos (ex: justiça, solidariedade, etc.), maior acessibilidade à formação
cristã. Tem também aspectos negativos, como a quebra de sensibilidade aos
valores morais e religiosos; o secularismo reinante; critérios de vida e de
comportamento em contradição com a fé cristã; a incapacidade de dar razões de
fé (ignorância religiosa), a fé deixou de ser transmitida por tradição familiar
e favorecida pelo ambiente; a descristianização da sociedade.
Todas estas transformações exigem
uma fé pessoal e fundamentada que supõe a necessidade de renovar a imagem e de
valorizar a tarefa dos Catequistas. Esta renovação passará sobretudo pela
escolha dos Catequistas, feita a partir dos carismas e da sua inserção na comunidade
eclesial e pela formação dos mesmos, ao nível da pedagogia, psicologia e de
conhecimento doutrinal. A tarefa é a de preparar Catequistas para a Igreja do
futuro.
3. Renovação da
Igreja e da ação catequética
A Igreja procura renovar-se e
apresentar de si mesma uma imagem significativa, a partir de duas preocupações:
a fidelidade a Deus que anima a Igreja a revestir-se da sua verdadeira
identidade e a cumprir a sua autêntica missão, segundo o projeto de Jesus
Cristo, contido na Sagrada Escritura e na Tradição; e a fidelidade ao homem,
que incentiva a Igreja a estar atenta à história e a tornar-se acontecimento
sempre atual. Esta dupla fidelidade implica uma procura da identidade no
sentido de que a Igreja se torne sinal ou sacramento de Cristo. Isto passa pela
compreensão da Igreja como comunidade cristã corresponsável, onde a Igreja
Particular (a Diocese) adquire uma importância pastoral peculiar.
A Igreja renova-se em ordem a
melhor desempenhar a sua missão através das ações profética, litúrgica e
caritativa e, atualmente, realça a função profética em articulação com as
outras funções e acentua que a missão eclesial é tarefa de toda a comunidade.
Assim, a renovação da ação
catequética passa pela renovação da compreensão e vivência eclesial, o que
implica a compreensão da Igreja como mistério e sacramento de Jesus Cristo; a
compreensão e vivência da dimensão comunitária da Igreja (Igreja-comunhão,
Igreja-Povo de Deus); a atualização da Missão da Igreja, participando na missão
profética de Cristo: 1) pela evangelização ou anúncio da fé aos não crentes; 2)
pela catequese ou aprofundamento da fé; 3) pela animação cristã das realidades
temporais.
Desta renovação eclesiológica
brotam algumas orientações para a renovação da catequese e que são:
a) Identidade
da Catequese — Identidade da catequese como amadurecimento da fé inicial, tendo
como objetivo a vida cristã adulta e não se limitando a preparar para a celebração
dos sacramentos. Neste aspecto a catequese deve apresentar-se como: ensino
sistemático, concentrado no essencial, suficientemente completo (sem se resumir
ao kerigma), iniciação cristã integral
b) A
Catequese está ligada à vida da Igreja — A catequese deve ser global, isto é,
ligada à Palavra de Deus (que provoca a conversão), à Liturgia (que celebra a
vida de fé), ao testemunho cristão como processo estruturado, profética e
sacramentalmente, a culminar numa vida cristã adulta e comprometida.
c) A
Catequese deve ser simultaneamente doutrinal e vital: fiel a Deus, transmitindo
o depósito integral da fé e fiel à Pessoa Humana, iluminando a sua vida
concreta e utilizando a sua linguagem;
d) A
Catequese deve ser permanente, acompanhando as diversas fases da existência
humana, confrontando-as com as experiências de cada um e iluminando os respectivos
problemas.
e) A
Catequese é tarefa de toda a comunidade, não apenas de alguns, considerados separadamente,
mas de todos os batizados, embora alguns tenham uma responsabilidade especial.
f) O
ensinamento da comunidade é testemunhal: “A primeira forma de testemunho é a
própria vida do missionário (do catequista), da família e da comunidade
eclesial, que torna visível um novo modo de se comportar” (RM, 42).
g) A
Catequese deve despertar a alegria de ser cristão. A Catequese é Boa Nova e
constitui um grande tesouro que contribui para o enriquecimento da pessoa e da
sociedade.
4. Perspectivas para
a Formação de Catequistas
A Formação de Catequistas supõe a
integração numa comunidade cristã renovada. “O Catequista deve ser ajudado a
comprometer-se com a comunidade e a ter nela credibilidade”. “A formação de
catequistas deve proporcionar uma experiência de vida comunitária, a partir do
grupo de catequistas, de modo que se realize como pequena comunidade-fermento e
possa assim levar a sua força transformadora ao grupo dos catequizandos e à
própria comunidade”.
A função profética da Igreja deve
ser exercida pelos diversos ministérios e carismas, cada um segundo o lugar e
responsabilidade que tem na comunidade.
Numa comunidade assim viva e
articulada o Catequista tem uma fisionomia própria: é testemunha da fé,
sente-se comprometido com a comunidade e deve estar dotado de preparação
especifica para o exercício da sua missão. A partir destes eixos da sua
fisionomia pode definir-se o/a Catequista como alguém chamado a anunciar o
Evangelho, um porta-voz da Igreja, ao serviço do homem e mestre, educador e
testemunha da fé.
Os objetivos da formação de
catequistas são: maturidade humana e cristã; compromisso eclesial; conhecimento
orgânico e sistemático da fé; conhecimento das pessoas e do mundo; competência
pedagógica e metodológico-didática.
Muito ainda temos a fazer pela
catequese, então nada melhor que começa pensando nas formas que estamos
trabalhando as formações de nossos catequistas.